Things That Make One’s Heart Beat Faster
To pass a place where babies are playing. To sleep in a room where some fine incense has been burnt. (...) To wash one’s hair, make one’s toilet, and put on scented robes; even if not a soul sees one, these preparations still produce an inner pleasure. It is night and one is expecting a visitor. Suddenly one is startled by the sound of raindrops, which the wind blows against the shatters.
(Sei Shonagon’s Lists, The Pillow Book)
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_COISAS DA VIDA ACADÉMICA
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#1 A cultura de cancelamento pode passar-nos despercebida, mas entre os jovens é um fenómeno sério. Não é ativismo, tanto pode combater o discurso de ódio como potenciá-lo e até já levou à morte (por exemplo, da apresentadora britânica Caroline Flack). Falo deste fenómeno à revista GQ Portugal de março (n.º 174).
#2 "Não se falou da Europa na cobertura jornalística das eleições europeias", afirmou ontem a recém-mestre Matilde Ferreira, que defendeu no dia 6 de março a dissertação de mestrado em Novos Media e Práticas Web da NOVA FCSH. Outra conclusão muito importante desta dissertação para entender alguns fenómenos políticos em Portugal é a que o António Granado já partilhou:
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#3 8 de março continua a ser o Dia Internacional da Mulher (pelos melhores e piores motivos). Estas são algumas de muitas mulheres portuguesas que fazem a diferença na investigação relacionada com os media, a cultura e as artes (e que conheço pessoalmente - para não ser uma mera lista de nomes): Ana Figueiras, Ana Jorge, Anabela Sousa Lopes, Andreia Vieira, Carla Baptista, Carla Cardoso, Catarina Burnay, Catarina Moura, Cristina Ponte, Fernanda Bonacho, Filipa Subtil, Inês Amaral, Janna Joceli, Ioli Campos, Manuela Penafria, Maria Augusta Babo, Maria do Carmo Piçarra, Maria João Centeno, Maria José Brites, Maria Lucília Marcos, Marisa Torres da Silva, Patrícia Ascensão, Rita Figueiras, Teresa Cruz e Teresa Flores.
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#1 The invisible city: how a homeless man built a life underground (Tom Lamont, The Guardian, 5 de março de 2020). Tom Lamont conta a estória de um sem-abrigo que cavou um bunker por baixo de um parque público. É, definitivamente, a melhor estória que li nos últimos tempos.
# 2 O Expresso publicou durante a semana que passou (2 a 7 de março) uma excelente reportagem especial em cinco capítulos sobre os migrantes que estão encurralados na "fronteira" da União Europeia (e da dor). Foi feita pela Marta Gonçalves, antiga aluna do mestrado em Jornalismo da NOVA FCSH. Estão aqui os capítulos I, II, III, IV e V. (É pena não ter uma tag para os leitores poderem facilmente aceder à série.)
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#3 A propósito do seu 30.º aniversário, o Público apresenta uma infografia interativa sobre que"geração é esta". Dos quase 111 mil jovens que cresceram com o jornal, 20% vivem em situação de pobreza ou exclusão social. Tenho dúvidas em relação aos 91% que usam a Internet para "ler notícias, jornais ou revistas" (a pergunta de origem não deve ter sido bem formulada).
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_COISAS DE CRIADORES: TIAGO GUERREIRO
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Está à frente da comunicação do Museu Bordalo Pinheiro, que a partir de 10 de março vai ser "contaminado" pela exposição “O dia em que perdi o pé”. Mas a protagonista desta conversa foi mesmo a revista infantil Triciclo, que fundou em 2017.
Dizes que o teu percurso foi “excêntrico”. Porquê?
Fiz uma licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais com um minor em Literatura na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, depois fiz um mestrado em Literatura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) e estive quase seis anos a trabalhar num centro de investigação na FLUL.
Depois, fui jornalista fundador do jornal I, uma coisa quase por acaso e louca: foram escolhidos 16 entre mais de 1000 candidaturas e eu era a única pessoa que não tinha estudado Jornalismo ou Comunicação. Depois dessa experiência, fiz assessoria de imprensa política, trabalhei em copywriting, fiz a Comunicação da Associação Transparência e Integridade e sou professor de Ilustração na Ar.Co desde 2017. Desde novembro de 2019, faço a comunicação de um sítio maravilhoso – o Museu Bordalo Pinheiro.
Quais são os desafios da comunicação dos museus semelhantes ao do Bordalo Pinheiro?
Depende sempre dos museus. Um museu grande, como o Louvre, quase nem precisa de muita comunicação. No universo dos museus de Lisboa, estamos a aproveitar a vaga de turismo, mas somos um museu fora do circuito turístico, ali no Campo Grande. Felizmente, temos conseguido aumentar de ano para ano. Em 2019, tivemos cerca de 20 mil visitantes em comparação com os 11 mil em 2018. Estamos a investir muito no serviço educativo, nas visitas guiadas e em diferentes exposições, como a que desenvolvemos em colaboração com o Manicómio, patente no Museu a partir de 10 de março.
A exposição é de Anabela Soares, artista do Manicómio, e chama-se “O dia em que perdi o pé”…
Esta parceria com o Manicómio é uma espécie de contaminação do museu por uma artista contemporânea, a Anabela Soares, que também vai trazer gente nova ao museu. Está a ser montada em tempo recorde e surge da residência artística que a Anabela realizou no museu.
Passando para o teu lado empreendedor… Fundaste em 2017 a revista infantil e a microeditora “Triciclo” juntamente com a Ana Braga e a Inês Machado, que conheceste num workshop de ilustração infantil da ArCo. Que universo criaram para esta revista infantil?
No início do século XX houve muitas revistas infantis interessantes, mais do que agora, como a Abc-zinho [1921-1932], ou a O Papagaio nos anos de 1940. As revistas infantis eram feitas pelas vanguardas artísticas. Até Álvaro Cunhal chegou a participar nelas. O nosso projeto vai buscar inspiração a essas revistas antigas: é feita a 2 cores, impressa em risografia (uma técnica inventada nos anos de 1980 no Japão). É uma revista de passatempos, mas tem sempre uma narrativa que vai sendo contada ao longo das páginas. Há uma aproximação da revista ao próprio álbum ilustrado.
Na Triciclo, o texto é que ilustra a imagem e não ao contrário. Ilustração é, na verdade, um conjunto de objetos muito diversificados e quando apareceu, há uns séculos, era um elemento decorativo. Servia para embelezar uma revista, um livro… A partir do século XIX, começa a criar-se uma narrativa através da ilustração.
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Como é o processo criativo a três mãos?
Somos os três ilustradores e editores. Normalmente, falamos quase diariamente. Temos todos outros trabalhos, ou seja, temos a possibilidade de fazer o que gostamos sem ter de pensar na parte financeira. Na Triciclo, dividimos as 24 páginas de forma igual para um de nós, de acordo com um plano narrativo. O texto surge só no fim. É um processo muito divertido. Pensamos mais na lógica do livro artístico e não temos muita pressão, embora já estejamos em muitas livrarias e em muitas feiras. A contabilidade e as feiras são o lado negro da ilustração.
Para além da revista semestral (que vai passar a anual neste ano porque queremos criar outros projetos), fazemos jogos de madeira, livros de história da arte, sempre tudo impresso em técnicas peculiares.
No fundo, é inovar com a tradição.
A ilustração tem muito potencial. É estabelecer relações entre texto e imagem.
E o digital?
No nosso projeto, não faz sentido nenhum. Estamos nas redes sociais, mas agora fazer uma revista em pdf para se descarregar, nem pensar. Gostamos de uma peça única, de coleção, como um livro artístico.*
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